sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A CUFA CAMPOS É A FAVOR DO SKATE - MUCUFO by Cássio Peixoto

Quem escreve o que quer, ouve o que não quer

Está na hora de alguns jornalistas prestarem mais atenção ao que escrevem e ter mais cuidado nas suas colocações. Chegou na minha mão, hoje, para ser publicado no jornal O Diário, (mas eu não publiquei) um texto do jornalista Paulo de Almeida Ourives que chama de "vândalos" os skatistas que utilizavam a Praça São Salvador para fazer as suas manobras. A Praça é do povo e ninguém precisa de permissão para fazer o que quiser nela. Por que então ninguém tenta tirar da Praça São Salvador os evangélicos que estouram os nossos tímpanos com as suas músicas e orações com um nível de decibéis muito acima do permitido? É óbvio que se alguém depredar o patrimônio público, esse alguém deve ser repreendido, e ninguém vai "morder a mão que o alimenta" se os skatistas precisavam da Praça, por que iriam quebra-lá?
Agora... eu o aconselho a tomar muito cuidado ao chamar os skatistas de vândalos. Skatistas são atletas, são desportistas, embora jornalistas como você não entendam muito bem o que significa a palavra atleta. Skatistas têm um estilo próprio de se vestir, de usar o corte de cabelo e de se comunicar, e justamente por serem diferentes, andam em "bandos" e sofrem com o preconceito da sociedade. Todos trabalham, todos têm emprego, alguns têm família e filhos, e de uma forma injusta foram acusados de quebrar as letras do Monumento ao Expedicionário.
É muito mais cômodo e muito mais conveniente colocar a culpa nos skatistas, mas o certo é que um skate de madeira, fibra e plástico, jamais vai conseguir quebrar letras de aço e um mármore de mais de cinco centímetros de espessura.
Portanto, senhor jornalista Paulo Ourives, ao chamar os skatistas de vândalos, o senhor ofende aos jovens atletas, ofende a mim - que fui skatista com muito orgulho -, ofende aos antigos atletas do esporte radical e compromete o futuro do skate em Campos, que graças a sua infeliz colocação pode ganhar ainda mais detratores e aumentar o preconceito que todos já têm para com o esporte e para com os seus praticantes.
Parabéns senhor jornalista, aposto que foi exatamente isso que aprendeu na Faculdade de Comunicação Social.

Eis aqui o trecho do release enviado pelo senhor Paulo Ourives que chama os skatistas de vândalos: "Um dia após a publicação de reportagem sobre o desejo da Prefeita Rosinha Garotinho de preservar os monumentos públicos de Campos, como o Monumento em homenagem ao Expedicionário Brasileiro, o Chafariz Belga e o Obelisco, o diretor de Artes Plásticas da Fundação Teatro Municipal Trianon, Fernando Luiz Neves, esteve na Praça do Santíssimo Salvador, e constatou que além dos vândalos com seus skates, pais utilizam o monumento como brinquedo para que suas crianças se distraiam.

Um comentário:

  1. Esse post conseguiu me revoltar.Engraçado como as coisas em Campos tomam um rumo surreal. Eu nasci e cresci no Rio de Janeiro brincando em praças (que não era nem de perto esse aglomerado de pedras que se situa na praça S. Salvador/ 4 batalhas)e por motivos de forças maiores (bem maiores como por exemplo a violência) passei a brincar em playground. Já observei que poucos pais levam seus filhos para brincar em praças de Campos e esses quando fazem na referida, são criticados. Daí os adolescentes/jovens/ adultos não podem usar a praça pra andar de skate. A praça serve pra que? Que tipo de cidadão e qual o uso correto do granito da praça? Não gosto nem um pouco da cidade, mas amava a praça São Salvador antes do crime que cometeram, justamente porque via naquele espaço toda a possibilidade de pessoas se encontrarem, crianças brincarem, alguém sentar pra descansar, conversar, enfim... Deixo aqui o meu apoio aos skatistas e um conselho para o Jornalista rever seus conceitos sobre vandalismo.

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