quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ALESSANDRO BUZO - ENTREVISTA



Alessandro Buzo é autor dos livros: O Trem - Baseado em Fatos Reais, Suburbano Convicto - O Cotidiano do Itaim Paulista, O Trem - Contestando a Versão Oficial, Guerreira, Favela Toma Conta. É o organizador das coletanêas literárias: Suburbano Convicto - Pelas Periferias do Brasil Vol I, Vol II e Vol III. Também realiza o evento de Hip Hop Favela Toma Conta, desde 2004 no Itaim Paulista. É também apresentador do Quadro Buzão, no Programa Manos e Minas, da Tv Cultura. E agora, como diretor de cinema, vai lançar no dia 05 de outubro o filme Profissão MC, no qual ele também fez o roteiro. Nessa entrevista Buzo fala sobre como foi transformar em realidade o projeto do Filme. Conta ainda sobre as novidades do próximo Favela Toma Conta e outras correrias que ele está envolvido.

PORTAL RAP NACIONAL: Como surgiu a idéia de fazer um filme?
Alessandro Buzo: Comecei trabalhar numa produtora (DGT Filmes) e fiquei proximo dessa cena, fui assistente de produção de dois filmes, "Povo Lindo, Povo Inteligente" de Mauricio Falcão e Sérgio Gagliardi e "Osvaldinho da Cuíca – Cidadão Samba" de Simone Soul, Toni Nogueira e o proprio Osvaldinho, ai passamos a produzir meu quadro na TV Cultura, o "Buzão" do Manos e Minas.Lancei a idéia do filme, mas sem captar dinheiro era quase impossivel fazer, fiquei um ano martelando que era possivel até convencer o Toni Nogueira a dividir a direção comigo, foi free style, gravamos entre novembro/2008 e fevereiro/2009, uns 7 dias só de gravação.

R.N.: Fale um pouco sobre a história do filme Profissão MC?
Buzo: Numa situação difícil, com a mina grávida e desempregado, o protagonista se vê entre duas opções, o crime e continuar acreditando no Hip Hop.

R.N.: Essa história foi baseada em algum personagem real?
Buzo: Apesar do Criolo Doido usar seu nome mesmo, não é a história dele, é uma ficção, roteiro e argumento de Alessandro Buzo, mas poderia ser.

R.N.: Como foi o processo de seleção dos atores?
Buzo: Pensei muito em quem chamar pra ser o protagonista, uma força extra terrestre me mandou apostar no Criolo Doido, não poderia ter sido alguém melhor, ele vestiu a camisa e mandou bem, os outros foram pintando, fui chamando os amigos, quem estava mais proximo no momento e formei uma seleção.

R.N.: Quais as dificuldades que você encontrou para colocar esse projeto em prática?
Buzo: O maior deles é produzir sem dinheiro, imagina gravar numa Fundação Casa, no Teatro Franco Zampari (antes de uma gravação do Manos e Minas), numa comunidade, mobilizar pessoas, sendo que o interesse deles não era dinheiro, que não tinha. Fomos testando minha credibilidade, ainda bem que ela anda em alta.

R.N.: Quem foram os principais parceiros e apoiadores dessa idéia?
Buzo: DGT Filmes em peso os atores e figurantes, Deus que deu força e nos livrou de vários obstáculos. Toda comunidade do D´Avó no Itaim Paulista, extremo leste de SP onde filmamos.

R.N.: Quando vai ser lançado o filme Profissão MC?
Buzo: Proxima segunda (05/10/09) lançamento oficial no Cine Olido, no centro de SP, depois temos outras exibições agendadas. Novembro lançamento no Rio, no Filme Hutúz Festival. Vai passar no Cinema Odeon Petrobrás, 580 lugares.

R.N.: Muita gente reclama da falta de oportunidade. Mas, fica parado esperando as coisas acontecerem. Você fez o filme sem nenhum recurso do governo. Que recado você dá para as pessoas que tem uma idéia mas não sabem como concretizá-la.
Buzo: Não sabendo que era impossivel, foi lá e fez. É mais ou menos isso, gente pra dizer que não vai dar, tem de monte, acredite você antes de todo mundo e corra atrás.

R.N.: Outros filmes virão?
Buzo: Com certeza, pretendo entrar de vez nesse meio, gostei da experiência de ser cineasta, ninguém disse que eu, com tudo que já passei na minha vida, um dia seria escritor, muito menos cineasta. Mas quero fazer curso de roteiro e direção e no proximo, tentar captar uma grana, me perguntaram se eu queria ensiar outros cineastas a fazer sem dim dim, Não. Quero aprender com eles a fazer com dinheiro.

R.N.: Antes de se descobrir como diretor de cinema, Alessando Buzo, é um incansável guerreiro do hip hop. Conte um pouco sobre os diversos projetos que você está envolvido.
Buzo: Amo o Hip Hop e a literatura marginal, estou com dois livros prontos esperando publicação, Dia das Crianças na Periferia, meu primeiro infantil, com ilustrações de Alexandre de Maio. E "Do Conto à Poesia", como diz o titulo, um livro que traz contos e poesias, publicados em diversos sites e outros inéditos. O Favela Toma Conta chega a 20ª edição no dia das Crianças, 12 de outubro, sexto ano seguido nessa data, na mesma comunidade do CDHU Itaim Pta, grande show com Ndee Naldinho e claro, doces e brinquedos. Hoje sou editor do Jornal Boletim do Kaos, 10 mil exemplares por mês, distribuido gratuitamente, grafica paga pelo Itaú Cultural. São mil fitas, nem lembro todas.

R.N.: Você está organizando para o próximo Dia das Crianças o 20° Favela Toma Conta, que é um dos eventos mais importantes para o Hip Hop de São Paulo. O que o público pode esperar para essa edição especial?
Buzo: Pela primeira vez no favela toma conta, Ndee Naldinho. Como sempre muita vibração e uma presa pra molecada.

R.N.: Quando e como começou o Favela Toma Conta?
Buzo: Desde 2004, três ou quatro edições por ano, uma bola de neve, um evento que se tornou grande, sem nunca ter grandes apoios, sempre na raça.

R.N.: Nas diversas edições do Favela Toma Conta quais foram os principais artistas que passaram pelo palco?
Buzo: Vários, Realidade Cruel, A Familia, Função RHK, Thaíde, Expressão Ativa, Tribunal Mc´s, Alerta Vermelho, DMN, Dudu de Morro Agudo, Hórus, Beto Guilherme, Sandrão RZO, De Menos Crime, Alvos da Lei, Realistas NPN, El Chojín (Espanha) e tantos outros.

R.N.: O que o Alessandro Buzo ainda vai realizar em 2009?
Buzo: Além do filme que estréia semana que vem e do evento dia 12/10, ainda lanço dia 17 de Novembro a coletânea literária "Pelas Periferias do Brasil – VOL III", com autores de 7 estados. Talvez um "favela" especial em novembro na cidade de Ribeirão Preto-SP, quem sabe o que mais. Várias exibições do filme em diversos lugares, o KAOS nas ruas...........Além disso, sobrar tempo pra minha família, minha esposa Marilda Borges (completamos 11 anos de casamento em setembro), e meu filho Evandro Borges, minha maior obra.

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