quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PROJETO DE LEI:



Caracterizando o grafite como arte e mantendo a ilegalidade da pichação, um Projeto de Lei (PL) de autoria do deputado Geraldo Magela (PT-DF) levantou críticas por parte de pichadores e especialistas. O deputado justificou que o PL vem desfazer a “confusão” existente entre as duas formas de expressão.
“A lei [atual] fala explicitamente em pichação, mas o grafite, oficialmente, não existe”, diz Magela. “A pichação, que é disputa de gangues ou competição de quem picha mais alto, é vandalismo. Grafite é arte”, define o deputado. O projeto foi aprovado pela Câmara e aguarda votação no plenário do Senado.
Para Alexandre Pereira, doutorando em antropologia pela USP (Universidade de São Paulo), a divisão é arbitrária. Pereira afirma que o grafite utiliza imagem, e a pichação, letras estilizadas. Ambas, porém, têm em comum a origem, a inscrição em espaços urbanos e o spray como material.
“Há tanto pichadores-grafiteiros, quanto grafiteiros-pichadores. Separar de forma tão rígida estas duas manifestações é um modo errôneo de olhar para elas”, diz Pereira. “Típico de quem olha de fora para os fenômenos, sem conhecê-los, sem entender de fato a dinâmica destas manifestações.”
Pichador há duas décadas, Tatei, que assina “Tumulos”, diz que a pichação sofre agora o mesmo preconceito de que o grafite era alvo há 15 anos. Tatei afirma que, no entanto, o cenário está começando a mudar, já que a expressão ganha agora visibilidade internacional.
“Ontem, a gente estava filmando com o canal ´Discovery Channel`. Os americanos também vão fazer um documentário sobre o nosso trabalho”, exemplifica. Tatei afirma ainda que ele e outros pichadores foram convidados a expor no Memorial da América Latina e na Bienal, em São Paulo.
Assim como Tatei, o pichador Naldo, do grupo “Os Bicho Vivo”, considera que pichação também é arte. “A arte expressa um sentimento na pessoa quando vê, independente se é bom ou ruim”, explica. “Você pode olhar para minha pichação é dizer que é feia. Mas eu posso olhar para um quadro que você acha bonito e achar feio, mas é arte também”, afirma Naldo.





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